Sobre notas de rodapé

A edição de O Retrato de Dorian Gray da Biblioteca Azul que estou lendo vai longe nos textos e notas de apoio. Dentro dos capítulos, as notas chegam a tomar páginas inteiras do livro, que é quase todo assim: notas de rodapé na esquerda, texto base na direita. O que vocês acham disso? 

notas de rodape

De início me senti um tanto intimidada pela quantidade e o tamanho de algumas notas, mas muitas delas são bastante informativas e apresentam adendos interessantes. Porém é inegável que o excesso de notas quebra um pouco o ritmo da leitura, e por vezes as ignoro, lendo algumas apenas ao concluir o capítulo.
Pensar sobre isso me fez questionar sobre a origem das notas de rodapé, que descobrir serem tão antigas quanto a própria escrita. No site Digestivo Cultural, encontrei a seguinte informação: 
O seu advento se deu realmente com os primeiros comerciantes fenícios que, ao usarem o papiro na feitura de seus contratos, incluíram automaticamente as notas com o objetivo de fornecer maiores explicações e prover de especificações as suas transações comerciais."
Não encontrei referências concretas dessa afirmação mas, considerando a sua finalidade informativa, faz sentido imaginar que as notas existam há tanto tempo.


Mas quando encontro uma obra com tantas notas de rodapé como a já citada do Oscar Wilde, acabo refletindo sobre a real necessidade de sua presença. Como já afirmei, algumas trazem informações bem interessantes, mas outras me parecem um tanto subjetivas - afinal, seriam as notas realmente condizentes com as ideias no autor? Em obras clássicas, muitas notas foram sendo incluídas com base em interpretação dos estudiosos em anos posteriores à publicação das próprias. Outras são fruto de pesquisas do próprio tradutor, que busca justificar suas tão árduas escolhas de tradução. Gostaria muito de saber o que o próprio Oscar Wilde diria ao ler as notas atuais desta obra do século XIX. Será que todas elas fariam sentido?
Fica aí o questionamento.

4 Comentários

  1. Importante questionamento, sempre me lembro das aulas de literatura em que falavam que a cor de uma porta representava algo que o autor quis passar, mas como foi teu o encerramento "Será que todas elas fariam sentido?"

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  2. Já li alguns livros com notas de rodapé, mas foram poucos, e geralmente são bem pequenas. Sinceramente, não sei como lidaria com notas muito grandes, tendo que ficar interrompendo a leitura pra ler e tal... lembro que em Lovecraft tinha várias que explicavam coisas do livro, e até davam uma passada de pano para as atitudes racistas do autor (ok que o homem viveu há muitos anos, mas, né kkk). Tenho vontade de ler uma edição de Alice no País das Maravilhas comentada que tem várias notas. Acredito que será bem engrandecedor para mim, que amo os livros.

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  3. Eu absolutamente AMEI seus questionamentos e achei tudo super pertinente. Eu gosto bastante de notas de rodapé que adicionam informações e esclarecem pontos do texto, acho um recurso incrível e muito melhor do que deixar o leitor no escuro, mas quando tem esse exagero todo me incomoda bastante e, como você disse, acaba quebrando o ritmo um pouco. Quando apresentei meu TCC a professora que estava na banca reclamou que eu coloquei poucas notas no meu trabalho, porque na época tentei equilibrar isso com citações e outros recursos justamente para não ficar cansativo... Depois minha orientadora me contou que o trabalho que foi orientado por essa moça tinha umas 100 notas em 50 páginas! Não cheguei a ler e sei que provavelmente foi feito com metologia, mas na minha cabeça soa demais, num primeiro momento...

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  4. Notas de rodapé me deixam um pouco confusa pq tiram sempre meu foco da leitura, se torna um pouco cansativa. Apesar que faz muito tempo que n tenho a experiencia de ler algo com notas de rodapé novamente

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