Resenha: O Bebê de Rosemary (Ira Levin)

A minha mais antiga lembrança de O Bebê de Rosemary é a de ouvir minha mãe dizendo que quando estava grávida ninguém deixou ela assistir ao filme. Considerado por muitos como amaldiçoado, o filme com certeza aterrorizou muita gente e continua sendo um clássico do terror. Mas foi só no mês passado que eu peguei o livro que inspirou o filme pra ler, e finalmente tenho a minha opinião formada sobre essa trama.

livro o bebe de rosemary

SINOPSE


Rosemary Woodhouse e seu marido Guy, um ator que luta para se firmar na carreira, mudam-se para um dos endereços mais disputados de Nova York, o Bramford, um edifício antigo de ares vitorianos, habitado em sua maioria por moradores idosos e célebre por uma reputação algo macabra de incidentes misteriosos ao longo da história. Sem demora, os novos vizinhos, Roman e Minnie Castevet, vêm dar boas-vindas aos Woodhouse. Apesar das reservas de Rosemary com relação a seus hábitos excêntricos e aos barulhos estranhos que ouve à noite, o casal idoso logo passa a ser uma presença constante em suas vidas, especialmente na de Guy. Tudo parece ir de vento em popa. Guy consegue um ótimo papel na Broadway, e novas oportunidades não param de surgir para ele. Rosemary engravida, e os Castevets passam a tratá-la com atenção especial. Mas, à medida que a gestação evolui e parece deixá-la mais frágil, Rosemary começa a suspeitar que as coisas não são o que parecem ser...

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Narrado em terceira pessoa, o livro nos conta a trajetória do casal Rosemary e Guy Woodhouse, que estão se mudando para um novo apartamento dos sonhos no edifício Bramford. Rosemary sempre quis morar ali, e considera que será um bom lugar para o seu marido, ator em ascensão, construir relações promissoras, já que muitas pessoas de influência moram na área. Assim que eles se mudam, Rosemary faz amizade com uma jovem adotada pelos Castevet, vizinhos de seu andar. O casal de idosos logo entra para o convívio de Rosemary e Guy, e com o tempo vamos percebendo que eles carregam algumas excentricidades. 
Não estou dizendo que ao entrar no Bramford", Hutch o interrompeu, "vocês irão levar um piano na cabeça, serão devorados por alguma solteirona ou vão se transformar em pedra. Estou simplesmente lembrando que o histórico do prédio precisa ser considerado, juntamente com o preço razoável do aluguel e a lareira funcionando; aquele lugar tem uma alta incidência de acontecimentos desagradáveis." p. 21 

O livro é o que alguns chamariam de soft horror, tendo uma trama que se desenvolve lentamente apresentando elementos que despertam tensão no leitor. No começo tudo parece estar dando certo para o casal; O Guy consegue um bom papel na Broadway e a Rosemary conquista a desejada gravidez. Como diz a Mabê do podcast modus operandi, até aí tudo bem... Mas complicações começam a aparecer na gestação de Rosemary, deixando ela (e nós leitores) bem desconfiados e demonstrando que as suspeitas de Hutch, amigo da família que os havia alertado sobre os perigos daquele prédio, não são tão sem sentido como o casal considerou no início. 

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O enredo possui alguns gatilhos vivenciados por muitas mulheres, como gaslighting, em um contexto perturbador que nos deixa incomodados pela corrupção daqueles que vivem em torno de Rosemary. 

Não sabia se estava ficando louca ou cada vez mais consciente." p. 177

Algo que considero que vale a pena levar em conta é o fato de o livro ter sido escrito na década de 60 por um homem branco - o que o torna um tanto datado e retrógado em alguns aspectos, principalmente quando menciona questões de raça e sexualidade. Mas esses não são assuntos recorrentes na obra, que foca mesmo na trama principal, sem muitos rodeios - coisa que me agradou bastante, afinal ninguém merece um mistério cheio de enrolações. 

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A misticidade presente na obra é bem interessante, e todo o envolvimento com a história do prédio me remeteu a lugares reais, como o Cecil Hotel lá em Los Angeles (tem série documental sobre ele na Netflix). Se você curte um bom mistério escrito de maneira fluída, esse livro é pra você! Só te recomendo que não crie muitas expectativas para o final - não quero dar spoiler, então digo apenas que na minha opinião poderia ter sido bem melhor. 

Gostei muito da escrita do Ira Levin, e inclusive estou em busca de uma edição de um livro dele que está esgotado, chamado "Este mundo perfeito" (alô editoras, bora relançar esse livro, vora?). Só o que falta agora é eu ver o filme do Polanski - mas vou esperar mainha ler o livro pra ela assistir junto comigo, pois agora ela já pode, né? hehehe 

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ISBN: 978-85-204-3572-4

Editora: Amarilys

Nota: 4,5/5⭐

1 Comentários

  1. Eu gosto muito do filme, de fato é um clássico do terror. Mas só recentemente descobri que tinha o livro,no seu post sobre as leituras de maio. Claro que imediatamente entrou pra minha lista de leituras e agora com a sua resenha fiquei ainda mais curiosa pra ler.. Ah, adorei a referência ao "até aí tudo bem", também acompanho o Modus Operandi e adoro o trabalho das meninas.

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