Resenha: Uma árvore cresce no Brooklyn (Betty Smith)

Já faz algum tempo que desenvolvi um grande amor pelos chamados romances de formação. Creio que isso tenha começado com a leitura de O sol é para todos, livro que considero como um dos meus favoritos. Neste romances temos protagonistas com a história contada a partir da infância, e acompanhamos na narrativa o seu amadurecimento, os conflitos envolvendo esse processo e suas relações e dilemas. É o caso de Francie Nolan em Uma árvore cresce no Brooklyn, livro da autora americana Betty Smith, publicado em 1943. 

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SINOPSE

Uma árvore cresce no Brooklyn é o adorado clássico sobre o amadurecimento de uma jovem na passagem para o século XX. A história da sensível e idealista Francie Nolan e seus agridoces anos de formação nas favelas de Williamsburg vem encantando e inspirando milhões de leitores há quase oitenta anos. Desde o momento em que nasceu, Francie precisou ter fibra, pois sua vida muitas vezes difícil exigia resistência, precocidade e força de espírito. Desprezada pelos vizinhos por conta do comportamento instável e excêntrico de sua família ― como o alcoolismo do pai, Johnny, e o hábito da tia Sissy de se casar várias vezes sem se preocupar em se divorciar do marido anterior ―, ninguém poderia dizer que faltava drama à vida dos Nolan. Ao mesmo tempo opressoras, sublimes, comoventes e edificantes, as experiências de vida dos Nolan são cheias de honestidade crua e ternamente entrelaçadas com união familiar. Uma obra de arte literária que capta brilhantemente um tempo e um lugar únicos, bem como momentos incrivelmente ricos de experiência universal.

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Francie é uma criança idealista. Ela e seu irmão Neeley vivem com os pais em uma área extremamente pobre do Brooklyn, mas encontram conforto nas pequenas coisas: nos trocados para balas que eles conquistam vendendo metais e papelão no ferro-velho, no café que a mãe os deixa desperdiçar na pia para sentirem-se um pouco como os ricos e nas páginas da Bíblia e de Shakespeare que aprenderam a ler todas as noites. Mas mesmo com todo o idealismo, as crianças precisaram ser muito fortes. Enfrentaram maus bocados com o alcoolismo do pais, além de todos os outros dramas envolvendo a família. 

O segredo está em ler e escrever. Você sabe ler. Todos os dias você deve ler uma página se um bom livro para sua filha. Todos os dias, até sua filha aprender a ler. Então, ela deve ler todos os dias. Eu sei que o segredo é esse." p. 92

Betty escreve essa história de forma nua e crua, mas sob a perspectiva de uma menina. Apesar disso, o livro não é escrito em primeira pessoa, o que achei uma escolha interessante. Mesmo tendo um narrador externo, fica claro que toda a trama gira em torno de Francie e de seu desenvolvimento, sendo esse processo muito bem marcado temporalmente através do passar das estações, das datas comemorativas e mudanças nas fases escolares - a autora se utiliza muito bem desses recursos na escrita. 

Apesar de Francie ser o centro desta narrativa, temos contato com o passado de vários outros personagens durante o livro, e há contextos que são fascinantes. Por se passar no início do século XX, é possível perceber os impactos da guerra na vida dos personagens, e esse paralelo do enredo com a realidade é muito bem construído. A escrita de Betty é fluída e repleta de reflexões, e os diálogos também me agradaram bastante. 

Francie teve uma visão. Dali a cinquenta anos, estaria contando a seus netos como chegara ao escritório, sentara-se à sua mesa de leitora e, na rotina do trabalho, lera que a guerra tinha sido declarada. Sabia, de ouvir sua avó, que a velhice era composta dessas lembranças da juventude. Mas ela não queria lembrar coisas. Queria viver coisas - ou, como um meio-termo, reviver em vez de recordar." p. 452

Recomendo demais essa leitura para quem está buscando algo tocante, verdadeiro, com personagens cativantes que te fazem torcer por eles. Foi assim que me senti com a família Nolan, desejando a cada capítulo que a vida deles melhorasse e sofrendo com o sofrimento deles. Betty Smith é com certeza uma estrela da ficção, e quero muito ter a chance de ler outros livros dela. 

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Nota: 5/5⭐

Editora: Verus 

ISBN: 978-65-5924-020-3

2 Comentários

  1. Po, é bem maneiro histórias que acompanham os personagens ao longo dos anos, faz você se apegar bastante a eles.

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  2. Fiquei com vontade de ler o livro. É bom que haja textos como este para nos incentivar a ler a literatura criada pelas mulheres.

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