Resenha: A casa dos espíritos (Isabel Allende)

Tardei muito a vir aqui falar deste livro, que já concluí há alguns meses. Falar sobre as obras de Isabel Allende é sempre um desafio, dada a complexidade de sua escrita repleta de elementos fantásticos. Não é atoa que a autora se consagrou como uma das maiores do cenário contemporâneo, e continua produzindo novos livros de maneira consistente. Mas hoje vamos focar em sua produção de maior renome: A casa dos espíritos.

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SINOPSE

A casa dos espíritos é tanto uma emblemática saga familiar quanto um relato acerca de um período turbulento na história de um país latino-americano indefinido. Isabel Allende constrói um mundo conduzido pelos espíritos e o enche de habitantes expressivos e muito humanos. As paixões, lutas e segredos da família Trueba abrangem três gerações e um século de transformações violentas, que culminaram em uma crise que levam o patriarca e sua amada neta para lados opostos das barricadas. Em um pano de fundo de revolução e contrarrevolução, Isabel Allende traz à vida uma família cujos laços privados de amor e ódio são mais complexos e duradouros do que as lealdades políticas que os colocam uns contra os outros.


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O livro começa com o que já me parece ser um padrão para as obras de Allende: vários personagens vão sendo apresentados, e é preciso fazer um certo esforço para descobrir quem é quem, o que é um exercício interessante. Conhecemos o casal Del Valle, que teve 15 filhos, mas duas filhas se destacam na história: Rosa e Clara. Esteban Trueba, outro dos pilares do enredo, era noivo de Rosa e sonhava em ser rico e viver uma vida luxuosa. Quando ela morre subitamente, os seus planos precisam mudar, e ele então busca recuperar as terras de seus antepassados para reconstruir seu patrimônio. 
Clara, que possui o poder da clarividência e também habilidades telecinéticas, já havia previsto que iria se casar com Esteban. Da morte da irmã até o seu casamento com ele anos depois, ela fez um voto de silêncio. Todos a conheciam por suas peculiaridades, mas o que marca esta personagem é a sua força. Seus poderes permeiam toda a história, mas não tomam conta dela. O livro é muito mais sobre conflitos familiares, geracionais e também políticos, e surpreende pela profundidade que consegue alcançar no antro desta família. 
Isso serve para nos tranquilizar a consciência, filha - explicava a Blanca - Mas não ajuda os pobres. Eles não precisam de caridade, mas sim de justiça." p. 164 
O livro é narrado ao mesmo tempo por Alba, filha de Clara, pela própria Clara, em certa medida, através de seus diários, e também por Esteban Trueba. É muito importante para a história entender todos esses pontos de vista, pois assim conseguimos compreender melhor os personagens e o que se passa no íntimo de cada um deles. 

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A ditadura Chilena exerce um forte papel no livro, mesmo que não se confirme que a história se passa no Chile. Em certo ponto o conflito político toma conta da narrativa. 
A casa dos espíritos é emocionante, repleto de cenas fortes, que envolvem o leitor de maneira surpreendente. O realismo mágico de Isabel Allende nos deixa ávidos por mais, por saber onde aquilo tudo vai dar. 
De amor e de sombra continua sendo o meu livro favorito da autora, mas A casa dos espíritos ficou no páreo. Quero muito ler outros livros da Allende em breve, e voltarei aqui para compartilhar as minhas impressões com vocês.


ISBN: 978-65-583-8000-9
Editora: Bertrand
Nota: 5/5⭐

1 Comentários

  1. Surpreendente! A casa dos Espíritos foi a primeira obra, de Isabel Allende que li, fiquei apaixonada pela forma como a escritora consegue envolver o leitor do princípio ao fim da narrativa!

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