Resenha: Amanhecer na Colheita (Suzanne Collins)

Como fã de longa data do universo de Jogos Vorazes, garanti minha edição de Amanhecer na Colheita ainda na pré-venda e comecei a leitura assim que pude. Levei um tempo para vir escrever sobre ele aqui no blog, mas isso não significa ter ficado desinformada sobre as novidades que envolvem o livro. Nesse intervalo, fui me animando com as notícias sobre a adaptação cinematográfica da obra, prevista para estrear em 20 de novembro de 2026

O elenco já confirmado promete: Joseph Zada interpretará Haymitch Abernathy, Whitney Peak será Lenore Dove Baird, Mckenna Grace viverá Maysilee Donner, teremos Ralph Fiennes no papel do Presidente Snow, Lili Taylor como Mags e Maya Hawke como Wiress. A direção fica por conta de Francis Lawrence, que já conduziu outros filmes da franquia. 

capa amanhecer na colheita

O novo livro de Suzanne Collins é um prelúdio da trilogia original, mas sua trama se desenrola após os eventos de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. Ou seja, Amanhecer na Colheita amplia ainda mais o universo de Panem, desta vez a partir da perspectiva do jovem Haymitch durante a 50ª edição dos Jogos Vorazes, também chamada de o segundo Massacre Quaternário, brutal em sua essência, com o dobro de tributos na arena. A narrativa acompanha os momentos decisivos que moldaram Haymitch como o personagem que mais tarde conheceríamos: ácido, irônico, profundamente marcado por traumas que, aqui, ganham rosto, forma e contexto.

Saber de antemão o desfecho do protagonista — Haymitch é o vencedor do Distrito 12 e isso é revelado desde o primeiro livro da trilogia — não diminui o impacto da leitura. Pelo contrário. A tensão vem de outro lugar: não da dúvida sobre quem vence, mas de como ele sobrevive, quais estratégias adota, que alianças são feitas, quem ele perde e em que ponto algo dentro dele se rompe. Ao invés da expectativa pela reviravolta, ficamos atentos aos detalhes da construção da dor, da resistência e do preço da vitória.

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O tom do livro segue o mesmo compasso de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, sendo sombrio, político e introspectivo. Percebi que esses dois lançamentos se distanciam do estilo mais direto e ágil da trilogia original — mas não de forma negativa. É diferente...ou talvez eu esteja diferente. Jogos Vorazes foi uma leitura marcante da minha adolescência e, com o tempo, meu repertório se ampliou. Hoje, percebo outras camadas na escrita de Suzanne Collins e outras formas de me relacionar com esse universo. A mudança de tom, ao invés de afastar, me aproximou ainda mais da proposta reflexiva e crítica da autora.

LEIA TAMBÉM: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (Suzanne Collins)

Outro ponto de destaque é o cuidado com as conexões entre os personagens deste livro e aqueles já conhecidos do público. Collins não se limita a inserir nomes familiares por efeito de nostalgia: ela constrói vínculos e complexidades que fazem sentido dentro da lógica da narrativa. Um exemplo que me chamou atenção foi o jovem Beetee. Conhecido nos livros principais por sua mente afiada e olhar estratégico, aqui ele aparece em uma fase anterior de sua trajetória, já demonstrando inteligência, senso de justiça e vulnerabilidades que ajudam a entender o personagem em profundidade. Ver sua juventude revelada assim não apenas enriquece sua história, mas também reconfigura a forma como o enxergamos nos livros seguintes.

Dá pra ler Amanhecer na Colheita sem ter lido Jogos Vorazes? 

A resposta é depende. Você pode sim ler Amanhecer na Colheita antes de Jogos Vorazes, só não vai entender algumas referências. Outra experiência interessante pode ser ler os livros da saga em ordem cronológica, que seria:
  • A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
  • Amanhecer na Colheita
  • Jogos Vorazes
  • Em chamas
  • A Esperança
Caso você só tenha assistido os filmes mas quer arriscar lendo logo esse livro (afinal em breve vem filme novo), dá pra ler e entender tudo tranquilamente também. 

livro amanhecer na colheita

Apesar de conhecermos o final, Amanhecer na Colheita não é uma leitura previsível. Suzanne Collins insere novos elementos, como um plano de insurgência latente, além de uma série de momentos de tensão que funcionam como pequenos choques ao longo da narrativa. A arena, mais uma vez, é um cenário que expõe o espetáculo da violência e da manipulação política, mas também as estratégias de resistência possíveis mesmo diante do impensável. O livro é, portanto, mais do que uma explicação do passado de Haymitch — é uma peça fundamental para compreender os mecanismos de dominação de Panem e os efeitos disso nas trajetórias individuais.

No fim das contas, a leitura me deixou com a sensação de que Suzanne Collins sabe exatamente o que está fazendo: expandindo seu universo com consistência, respeitando os leitores e adicionando camadas às histórias que já amamos. Amanhecer na Colheita é uma obra madura, bem construída e absolutamente indispensável para quem acompanha a saga desde o início — ou para quem chegou agora e quer mergulhar fundo em um mundo onde tudo, inclusive a esperança, é disputado brutalmente. 

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ISBN: 978-6555325201

Editora: Rocco

Nota: 4,5/5⭐

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